JOVEM DE TOMAR GANHA EM “CAMPO” E PERDE NA
“SECRETARIA”
A Câmara de Nisa decidiu, em reunião
realizada no dia 2 de Abril, atribuir o primeiro prémio do concurso de cartaz
da Nisartes 2008, a
um jovem residente no concelho, conforme a autarquia amplamente divulgou, tal
como a proposta de cartaz, em nota de imprensa.
O que não se disse, foi que o cartaz
vencedor resultou de uma segunda escolha, já que a decisão do júri do concurso,
nomeado especialmente para o efeito, fora noutro sentido e escolhera como
proposta vencedora, o trabalho nº 59, apresentado sob o pseudónimo de “Ísis” e
elaborado por uma jovem a estudar em Tomar, Ana Carina Raposo Dias.
Em vez de atribuir a classificação e o
prémio de acordo com a vontade do júri, a Câmara, por proposta da sua
presidente, resolveu "não homologar a acta da reunião do júri” e atribuir
“o 1º lugar ao trabalho com o nº 109, apresentado sob o pseudónimo
""AR"" e elaborado por Bruno Alexandre da Fonseca Godinho.
Votaram a favor desta “alteração” para além
da proponente, os vereadores João da Costa (CDU) e Paulo Felício (PS), e contra
o vereador Mário Condessa (PSD) porque “tinha concordado com a decisão do júri
".
Esta a decisão que fica a manchar, de forma
negativa, um concurso a que concorreram, segundo números da autarquia, quase
duas centenas de projectos gráficos.
“Ninguém me deu qualquer informação ou
esclarecimento”
- Ana Carina Dias
Ana Carina Raposo Dias, a jovem preterida no
concurso de cartaz da Nisartes 2008, tem 20 anos e estuda no 2º ano do curso de
Design e Tecnologias das Artes Gráficas do Instituto Politécnico de Tomar. Para
além de estudante, trabalha como vendedora na Worten da cidade nabantina.
Contactada pelo “Jornal de Nisa”, a jovem
estudante contou-nos como tivera conhecimento do concurso e as expectativas com
que concorreu, mostrando-se indignada com o todo o processo.
“Tive conhecimento através de um colega de
curso, pois foram vários a participar neste evento. As expectativas eram ganhar
apesar ter a noção que sendo eu uma estudante de Design era complicado
participar num evento em que provavelmente competiriam outros profissionais da
área. Esta foi a minha primeira participação neste tipo de concursos.”
Sobre a não homologação da acta do júri que
lhe atribuíra o 1º lugar, Ana Carina não escondeu a sua surpresa e
estupefacção.
“Fiquei a saber da situação quando fui
contactada por vós, a mim não me foi dada qualquer informação ou
esclarecimento. Francamente acho o cartaz “vencedor”, que consta no site da
Câmara inferior a muitos trabalhos que concorreram a este concurso.
Sinceramente, estas discordâncias, ou outro termo que lhe queiram atribuir, são
fortemente descredibilizadoras deste concurso, pois para além da falta de
informação colocam no site uma realidade ilusória. Se havia discordância porquê
tanta urgência para colocar no site o “tal” vencedor? E porquê esse vencedor
escolhido por minoria, tanto quanto me foi explicado? Apenas por ser um
habitante do vosso concelho?”
Perante esta situação, criada a uma jovem
que concorreu pela primeira vez a um concurso deste género, Ana Carina diz que
“se eu não tivesse sido contactada pelo jornal nunca teria tomado conhecimento como
as coisas aconteceram, mas uma vez que sei a realidade dos factos sinto-me
injustiçada, não tanto por não ter sido o cartaz vencedor, mas porque existiam
inúmeros trabalhos superiores que poderiam valorizar melhor o evento. De certa
forma falo por todos eles. Suponho que todos se sentiriam injustiçados se
estivessem na minha situação, não apenas por uma questão do prémio monetário,
mas do prestígio que poderia advir para a minha ainda não iniciada carreira.”
in "Jornal de Nisa" nº 253 -
16/8/08