domingo, 29 de dezembro de 2013

OPINIÃO: O LEITOR DÁ CARTAS

Por respeito aos doentes: ABRAM AS TERMAS, POR FAVOR!
A finalização das obras e a abertura do novo balneário das Termas de Nisa constitui autêntico enredo, no que tem a ver com anúncios sucessivos de dados que nunca foram concretizados.
Primeiro, disse-se que iniciaria a actividade termal em Abril de 2007. A seguir, Junho. Finalmente, Dezembro (!!!)... Não dito por pessoas menores, mas pelos mais altos responsáveis da vida municipal.
Entretanto, nunca mais se ouviu publicamente referências a novos dados. Talvez pelo receio, dos que fizeram anteriormente o anúncio, de se enganarem mais uma vez e de mentirem com toda a desfaçatez.
Diz-se à boca pequena que as Termas em 2008 começarão a funcionar no próximo Junho, já no novo balneário. Mas, há quem diga que lá para Setembro é que será mesmo a sério...
Não brinquem com a necessidade de aliviar o mal daqueles que sofrem de verdade e acreditam (mesmo) no benefício da água mineral do nosso concelho.
Enquanto brincam ao anúncio de (sempre novos e adiados) dados para o “novo complexo termal” estar pronto, ponham a funcionar imediatamente as instalações que há quase vinte anos têm servido tantos utentes e ajudado tanta gente a sentir alívio da sua doença.
Quem determinou que as Termas só funcionem quando estiver pronto o novo edifício?
Sendo a Câmara o principal sócio da empresa Ternisa, toda a vereação deu aval a isto?
Que posição tiveram perante este disparate os dois sócios da Câmara? Ou o seu parecer já nem conta?
E os membros da Assembleia Municipal que têm a missão legal de fiscalizar (toda) a actividade do Município, que farão perante tamanho grau de irresponsabilidade de quem manda e, neste caso, abusa do mando, tratando desumanamente pessoas que há muitos anos acreditaram nas virtudes da Fadagosa de Nisa?
Quem decide desta maneira pode encher a boca com boas (?) palavras sobre o “Complexo Termal”, mas seguramente nunca pôs o corpo numa banheira e experimentou o efeito desta água que funciona como medicamento e proporciona tão agradável bem-estar.
As (genuínas) convicções sobre a bondade do termalismo por parte desta gente não têm quaisquer alicerces. São simples retórica no mau sentido do termo.
Há um site na Internet que diz que as Termas de Nisa estão abertas de Abril a Outubro. Esse site é da responsabilidade da própria administração das Termas.
Por favor, não deixem as coisas cair no ridículo.
Abram as Termas. Quanto antes. Respeitem os que necessitam de as utilizar, porque sofrem.

José Manuel Basso in "Jornal de Nisa" - 19/5/2008

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

NISA: A triste entrada norte no Alentejo


 A PEN(HA) DO TEJO
Albergaria Penha do Tejo, com vista panorâmica para a Barragem do Fratel, foi inaugurada, numa primeira fase, em 1997, como forma de dinamizar uma das gargantas do Rio Tejo. Apesar de, em tempos já ter tido uma "grande adesão" e de ter sido um complexo turístico, actualmente encontra-se perdida no tempo e é caracterizada por um ambiente degradado e ignorado pelos olhares dos que lá passam.
Onde o Alentejo dá lugar à Beira Baixa, centenas de viaturas percorrem os quilómetros do IP2 à procura de um destino. Do outro lado da via, as águas da Barragem do Fratel, uma das gargantas do Rio Tejo, assumem uma calmaria e serenidade que confrontam o movimento agitado da estrada. As colinas verdejantes e as aves que voam no ar lá ao longe pintam o quadro da paisagem. O sol e o céu azul chamam por descanso e sossego.
Situada entre o IP2 e a Barragem do Fratel está contemplada a Albergaria Penha do Tejo. Uma infra-estrutura que partiu da iniciativa da Comissão Coordenadora Regional (CCR), que foi criada, numa primeira fase em 1997, pela Câmara Municipal de Nisa, com José Manuel Basso no Executivo e inaugurada por Victor Cabrita Neto, secretário de Estado do Turismo, no XIII governo constitucional, em que António Guterres assumia o cargo de primeiro-ministro.
Naquele ano, o empreendimento teve um financiamento de cerca de 250 mil contos e foi apoiado pelo Segundo Quadro Comunitário de Apoio (FEDER), através da Acção Integrada do Norte Alentejano (AINA). 10 era o número total de funcionários que possuía.
Em entrevista ao DP, José Manuel Basso, antigo presidente da Câmara Municipal de Nisa, explicou que “inicialmente, o projecto, que se considerava interessante, foi aprovado para a dinamização da Barragem do Fratel”, acrescentando que este era “um negócio concorrencial”.
De acordo com o antigo presidente da Câmara Municipal de Nisa, depois da primeira infra-estrutura estar inaugurada, avançou-se imediatamente com uma segunda fase, terminada em 2001 e apetrechada com a área de alojamento e uma piscina, para dar resposta a “muitas procuras”. Contudo, a segunda fase da obra nunca entrou em funcionamento. O total do empreendimento contava com cerca de 50 quartos.
Ainda na segunda fase do projecto estava prevista a implementação de equipamentos relacionados com actividades desportivas e náuticas, elo de ligação entre a Albergaria e a Barragem da Penha do Tejo.
"O programa de trabalhos foi apresentado à União Europeia e se o empreendimento tivesse sido continuado nesta fase já estariam implementados os desportos náuticos e o rio já estaria completamente dinamizado", afirmou o médico.
A beleza circundante choca com o cenário de degradação da Albergaria Penha do Tejo. Uma infra-estrutura deixada ao abandono.
Degradação da estalagem
O ambiente de sossego e de conforto da hospedaria deu lugar à degradação e a um cenário deplorável e sombrio.
Cá dentro, as suites, distribuídas em fila indiana, sem portas, deixaram de ter a sua privacidade, só restando, em cada uma delas, um armário, uma banheira e um lavatório. No corredor onde se encontram as suites, o chão é ornamentado por vidros estilhaçados. Das paredes brancas interiores do edifício, saem fios de electricidade danificados. O Hall de entrada que dá acesso ao mini bar é caracterizado por lixeira e por actos de vandalismo. Junto ao restaurante panorâmico e ao bar, transformado em retalhos, restam pinturas de paisagens que guardam lembranças e recordações. A sala de reuniões e de festas resumiu-se ao nada.
Lá fora a serenidade da Barragem do Fratel contrasta com o abandono e a renúncia de piscina, rodeada por mato que teima em trepar cada vez mais os céus alentejanos, esquecendo o relvado fresco de outrora. Ainda lá fora, um parque de diversões, colocado ao abandono, guarda momentos de divertimento que, noutro tempo, faziam as delícias dos mais novos.
O campo gimnodesportivo, destinado a actividades ao ar livre, ainda se encontra intacto à espera que façam uso das funções para que foi construído.
O vandalismo a que a estalagem começou a estar habituada destruiu uma das realidades que poderia vir a ser um marco para o desenvolvimento turístico da região.
"Fiquei preocupado e horrorizado como cidadão." Foi desta forma que José Manuel Basso se sentiu quando confrontado com o estado de abandono e de degradação da Albergaria. Segundo disse, este era "um projecto da Região de Turismo, do município e das gentes do Alentejo e da Beira", lamentando que "quando um processo é parado obviamente que deixa de ter sentido".
Aquando se encontrava ainda no Executivo, José Manuel Basso e a Câmara de Nisa abriram um concurso público para a concessão da exploração do projecto. "Enquanto fui presidente da autarquia, a porta da Albergaria abria todos os dias e eu próprio a frequentava com alguma assiduidade, acompanhando as propostas que haviam para o futuro daquele empreendimento".
Para o antigo presidente, a actual Câmara "tratou o empreendimento como um enteado enjeitado. Quem está no cargo deve ter a responsabilidade de zelar pelo seu património". José Manuel Basso referiu ainda que "há uma concepção que foi desprezada por aquilo que foi abandonado que, sob o ponto de vista político e civil, é condenável".
Esperança
Ao que o DP conseguiu apurar, um grupo de pessoas defensoras da Albergaria está a ultimar uma acção judicial contra a Câmara que se encontra actualmente no Executivo de Nisa, por delação de património.
O DP tentou contactar a presidente da Câmara Municipal de Nisa, Maria Gabriela Tsukamoto, mas até ao momento não foi possível.
José Manuel Basso tem esperança no renascer de um empreendimento que foi morrendo aos poucos. "Sinto-me triste. Precisa-se de um investimento público e de vontade". Contudo, o antigo presidente da autarquia de Nisa tem esperança "que surjam mecanismos por parte dos cidadãos, pois nessa via de intervenção será uma questão de tempo para que hajam formas de gestão para que a infra-estrutura volte a funcionar eficazmente", concluiu.
A Albergaria Penha do Tejo é actualmente local de passeio para animais e caracterizada por um ambiente esquecido, perdido no tempo e ignorado pelos olhares dos que lá passam, à espera que alguém lhe dê um novo rumo.
Ana Pires "O Distrito de Portalegre", 06/08/2009

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

NISA: Polémica na escolha do cartaz da Nisartes 2008


JOVEM DE TOMAR GANHA EM “CAMPO” E PERDE NA “SECRETARIA”
A Câmara de Nisa decidiu, em reunião realizada no dia 2 de Abril, atribuir o primeiro prémio do concurso de cartaz da Nisartes 2008, a um jovem residente no concelho, conforme a autarquia amplamente divulgou, tal como a proposta de cartaz, em nota de imprensa.
O que não se disse, foi que o cartaz vencedor resultou de uma segunda escolha, já que a decisão do júri do concurso, nomeado especialmente para o efeito, fora noutro sentido e escolhera como proposta vencedora, o trabalho nº 59, apresentado sob o pseudónimo de “Ísis” e elaborado por uma jovem a estudar em Tomar, Ana Carina Raposo Dias.
Em vez de atribuir a classificação e o prémio de acordo com a vontade do júri, a Câmara, por proposta da sua presidente, resolveu "não homologar a acta da reunião do júri” e atribuir “o 1º lugar ao trabalho com o nº 109, apresentado sob o pseudónimo ""AR"" e elaborado por Bruno Alexandre da Fonseca Godinho.
Votaram a favor desta “alteração” para além da proponente, os vereadores João da Costa (CDU) e Paulo Felício (PS), e contra o vereador Mário Condessa (PSD) porque “tinha concordado com a decisão do júri ".
Esta a decisão que fica a manchar, de forma negativa, um concurso a que concorreram, segundo números da autarquia, quase duas centenas de projectos gráficos.
“Ninguém me deu qualquer informação ou esclarecimento”
- Ana Carina Dias
Ana Carina Raposo Dias, a jovem preterida no concurso de cartaz da Nisartes 2008, tem 20 anos e estuda no 2º ano do curso de Design e Tecnologias das Artes Gráficas do Instituto Politécnico de Tomar. Para além de estudante, trabalha como vendedora na Worten da cidade nabantina.
Contactada pelo “Jornal de Nisa”, a jovem estudante contou-nos como tivera conhecimento do concurso e as expectativas com que concorreu, mostrando-se indignada com o todo o processo.
“Tive conhecimento através de um colega de curso, pois foram vários a participar neste evento. As expectativas eram ganhar apesar ter a noção que sendo eu uma estudante de Design era complicado participar num evento em que provavelmente competiriam outros profissionais da área. Esta foi a minha primeira participação neste tipo de concursos.”
Sobre a não homologação da acta do júri que lhe atribuíra o 1º lugar, Ana Carina não escondeu a sua surpresa e estupefacção.
“Fiquei a saber da situação quando fui contactada por vós, a mim não me foi dada qualquer informação ou esclarecimento. Francamente acho o cartaz “vencedor”, que consta no site da Câmara inferior a muitos trabalhos que concorreram a este concurso. Sinceramente, estas discordâncias, ou outro termo que lhe queiram atribuir, são fortemente descredibilizadoras deste concurso, pois para além da falta de informação colocam no site uma realidade ilusória. Se havia discordância porquê tanta urgência para colocar no site o “tal” vencedor? E porquê esse vencedor escolhido por minoria, tanto quanto me foi explicado? Apenas por ser um habitante do vosso concelho?”
Perante esta situação, criada a uma jovem que concorreu pela primeira vez a um concurso deste género, Ana Carina diz que “se eu não tivesse sido contactada pelo jornal nunca teria tomado conhecimento como as coisas aconteceram, mas uma vez que sei a realidade dos factos sinto-me injustiçada, não tanto por não ter sido o cartaz vencedor, mas porque existiam inúmeros trabalhos superiores que poderiam valorizar melhor o evento. De certa forma falo por todos eles. Suponho que todos se sentiriam injustiçados se estivessem na minha situação, não apenas por uma questão do prémio monetário, mas do prestígio que poderia advir para a minha ainda não iniciada carreira.”
in "Jornal de Nisa" nº 253 - 16/8/08