... A mesma “cambada” são?
O slogan que dá nome ao título (sem o ponto de interrogação)
é do período revolucionário, e tem o “selo” do MRPP, na altura sob a batuta de
Arnaldo Matos, o grande “Educador da Classe Operária”.
Vale a pena discorrer sobre o seu significado, na
actualidade, tendo em conta de que um e outro sujeito (Governo e Oposição)
deveriam ser, em princípio, antagónicos.
No entanto e tomando como exemplo, o que se passa a nível do
Governo (central) vemos que o maior partido da “Oposição” dá a mão ao Governo,
não se opõe às suas políticas nefastas para o país e para os sectores mais
desfavorecidos da população, talvez na vã ilusão de se apresentar como
“patriótico”, e deixar que o “fruto” (Governo) caia de podre.
A nível local, o cenário é, radicalmente, diferente. A
Oposição, opõe-se, faz o seu papel e nunca como hoje em Nisa se ouviu falar
tanto de Oposição.
Apresenta-se um “projecto âncora” para o concelho, enquanto
as Termas definham a olho nu - por falta de clientela e das medidas que,
antecipadamente, deveriam ter sido tomadas - e lá ouvimos nós o discurso da
vergasta na Oposição.
Há um espectáculo de teatro de revista em Nisa, com entradas
pagas (15 euros) e os espectadores que pensavam que era “Só Rir..., acabam por
ter de gramar a mesma choradeira sobre a Oposição e a louvaminha sobre as
virtudes da senhora presidente e da Câmara, que tanto apoio dá aos velhinhos.
Não disse, o speaker de serviço, que o espectáculo anunciado
há quase um mês, sendo organizado pela ADN e pela Câmara, só foi ao
conhecimento do executivo (leia-se Oposição) três dias antes da sua realização.
Estas decisões nem sequer são estranhas. Desde que entrou em
funções, após o acto eleitoral de 2001, Gabriela Tsukamoto tem procedido,
sempre, da mesma forma.
No primeiro mandato, sem maioria absoluta, “comprou” o apoio
da “Oposição” oferecendo aos dois vereadores do PSD, cargos a meio tempo.
Estes, calaram-se, quando deviam, em pleno exercício das
suas competências e funções, dizer não e bater o pé, a alguns projectos
nefastos para o concelho de Nisa e sobretudo, para a própria vila. A Nisa,
“terra, pedra, pedra, terra, pedra, pedra” não “nasceu” sozinha e por obra e
graça da Santa Gabriela. Outros também tiveram culpa no cartório, aprovaram,
disseram “ámen” e sacudiram a água do capote.
No mandato seguinte, com maioria absoluta, dispôs a seu belo
prazer da governação camarária: a Valquíria e o faz, desmancha, torna a fazer,
torna a desmanchar, são a imagem de marca deste mandato. A par da derrapagem
financeira e dos estrangulamentos que a mesma tem provocado, a vários níveis,
bem patentes, aliás, na controversa aprovação do Relatório de Actividades e
Contas do exercício de 2009.
Não é aceitável, por muito que “chovam” as ladainhas,
apontar o dedo ao “trio de todos os males” (Oposição), quando esta, no
exercício das suas competências e com uma precisa (regulamentada) e
indiscutível (foram eleitos pelo povo) legitimidade política, tenta travar o
processo brutal de endividamento da autarquia e obstar à realização de obras
faraónicas que trazem ainda mais encargos financeiros.
Aos poucos, os habitantes do concelho vão conhecendo os
contornos da “paz podre” que impera nos edifícios municipais, onde, como diz o
povo, “o calado é o melhor”.
Não sendo possível calar para sempre e tal como o azeite, a
verdade surge “ao de cima” e mostra o clima pantanoso de clientelismo e
cumplicidades tecidas pela teia dirigente camarária.
Um sujeito que está impedido pelo Tribunal de exercer
funções públicas e que escreve sobre a ADN num boletim camarário suportado
pelos munícipes e a que deu o nome de “jornal”, retoma a mesma tecla e lá vem
bater nos vereadores da Oposição, como se os mesmos fossem portadores de algum
vírus contagioso e mortal.
E, sentindo o cargo, pelo qual é chorudamente pago,
ameaçado, lança impropérios e escreve esta autêntica pérola, acusando os
“vereadores eleitos pelo PS e PSD para a Câmara Municipal de Nisa, a pretexto
de tudo e de nada e de uma imprecisa e discutível legitimidade política, pura e
simplesmente pretenderem acabar com a ADN.”
Isso mesmo, tal como leu “uma imprecisa e discutível
legitimidade política”, sic.
Fico na dúvida e pergunto se esses eleitos da Câmara
Municipal (Idalina Trindade, Fernanda Policarpo e Francisco Cardoso) e que
representam a Oposição, não terão sido submetidos ao mesmo sufrágio universal
realizado no concelho de Nisa em 11 de Outubro, e a que concorreram os outros
eleitos, Gabriela Tsukamoto e Manuel Bichardo.
Será que, na altura, estariam sob a alçada da justiça e
impedidos por decisão judicial de concorrer a cargos políticos? Ou será que os
votos que os elegeram resultaram de alguma “chapelada” e de processos pouco
claros como, é voz corrente, aconteceu numa das freguesias do concelho para
beneficiar a coligação vencedora?
O “coro das carpideiras” sobre a Oposição irá subir de tom.
Os munícipes do concelho têm de estar atentos, fazerem as leituras que
considerem adequadas e não se deixarem embarcar no “canto da sereia”.
Governo e Oposição, nem sempre, a mesma “cambada” são.
E, o clamor que vai na praça pública mostra,
indubitavelmente, que em Nisa, pela primeira vez em muitos anos, corre uma
brisa democrática e saudável, inspiradora de confiança.
O tempo da música de uma nota só, está, irremediavelmente, a
chegar ao fim...
Mário Mendes - 7/6/2010